Como nasce a chuva.
Depois de algumas xícaras de café começou a prestar atenção nas notícias do jornal. Uma matéria em especial chamou sua atenção. A repórter comentou que novos estudos estavam sendo feitos para saber prever a chuva. Deixando a xícara de lado começou a ouvir. Segundo um pesquisador os estudos sobre o tema estavam avançando. Satélites especiais iriam passar informações sobre o tempo de forma mais correta, segura.
Depois de ouvir e ver a matéria se lembrou de uma teoria.
“ Quando você está com sono começa a contar carneirinhos. Os primeiros passam ligeiros. Com a aproximação do estado de sono outros carneirinhos estão mais lentos, quase de olhos fechados. Depois de um tempo, carneirinhos e pessoas sem sono estão dormindo. Aí acontece algo. Aqueles primeiros carneirinhos que passaram ligeiros continuam acordados e começam a girar formando uma grande roda gigante. Ficam girando, girando. Os carneirinhos meio sonolentos acham graça de ver os carneirinhos ligeiros rodando e começam a rir. Riem tanto que começam a chorar daí vem a chuva.”
Ao lembrar dessa teoria deu uma risada. Achava mais interessante acreditar na teoria dos carneirinhos risonhos.
Voltou a prestar atenção no jornal. “Hoje vai fazer sol, na região sudeste previsão de chuva no fim da tarde”.
(Talvez).
Devaneios de Joana
terça-feira, 19 de abril de 2011
sábado, 16 de abril de 2011
Óculos de Grau...
Pede um café e senta num banco da praça. Uma praça desconhecida. A espera das 11horas.
Ascende um cigarro e fica observando as pessoas que chegam. Do lado direito carros e prédios. Do lado esquerdo transito de pessoas, a frente arvores secas, no pensamento um branco que tranqüiliza.
Amparada por duas acompanhantes uma senhora se senta bem em frente. A respiração ofegante faz aquele pensamento branco sumir. Fica imaginando quanto a senhora caminhou. Observa atenta suas vestes. Uma blusa branca de seda e uma calça preta de risca de giz. Sobre os olhos fechados uma óculos antigo dourado. As acompanhantes conversam. Falam de coisas de minas...alguém que elas conhecem e é de Minas, pelo jeito de ser, não por nascimento. A senhora respira fundo como se estivesse aliviada. Parece reconfortada. São 10:57, abandona o cigarro pela metade e caminha. Evita pisar nas linhas da calçada, mais uma de suas manias.
Ascende um cigarro e fica observando as pessoas que chegam. Do lado direito carros e prédios. Do lado esquerdo transito de pessoas, a frente arvores secas, no pensamento um branco que tranqüiliza.
Amparada por duas acompanhantes uma senhora se senta bem em frente. A respiração ofegante faz aquele pensamento branco sumir. Fica imaginando quanto a senhora caminhou. Observa atenta suas vestes. Uma blusa branca de seda e uma calça preta de risca de giz. Sobre os olhos fechados uma óculos antigo dourado. As acompanhantes conversam. Falam de coisas de minas...alguém que elas conhecem e é de Minas, pelo jeito de ser, não por nascimento. A senhora respira fundo como se estivesse aliviada. Parece reconfortada. São 10:57, abandona o cigarro pela metade e caminha. Evita pisar nas linhas da calçada, mais uma de suas manias.
segunda-feira, 28 de março de 2011
Cheiro de lavanda.
Perseguida pela tosse a menina de olhos cor de mar tenta entender o por que da sua tosse. Pode ser gripe. mas a gripe já havia terminado semana passada (e a tosse continuava, seca). Tosse alérgica, bem sabe. Sabe também o que a provoca mas faz questão de buscar outra explicação. Esse vício é bom, pensa. Me sinto bem assim. O pensamento flui melhor...
Na segunda feira foi ao seu encontro habitual. Olhava o sino de vento de beija-flor. O quadro de São Jorge parecia mais vermelho do que o de costume, impressões. Sentou- se em frente a avó. Se entenderam no olhar.
- Você está bem? pergunta a avó.
-Estou sim, só essa tosse que não passa. Responde a menina.
-Deve ser tosse alérgica. A menina sorri e pensa( do cigarro).
-Você sabe qual é sua cura, continua a avó. Outro sorriso.
Alguns gestos e aquele cheiro de lavanda penetra nas mãos da menina. Aparece um beija-flor que bebe a agua com açúcar ligeiro. A menina sorri. Tenho uma receita para sua tosse, diz a avó. Pegue umas três sementes de urucum, faça um chá e acrescente mel! Semana que vem quero te ver bem de saúde. Elas se despedem. Urucum e fácil de achar, pensa a menina, mas e o vício? Até promessa havia feito. Não fumar na quaresma. Em casa a menina ascende um cigarro que se mistura ao cheiro de lavanda. Por alguns instantes ela pensa em apagá-lo mas continua. Ascende outro e mais outro.
Pausa para a tosse.
Na vitrola o som dos Beatles "All you nedd is love". Devo para de fumar, pensa. Quero sentir o cheiro de lavanda por mais tempo...mais intensamente.
" E S quebrou um raminho de lavanda e me deu de presente com um beijinho."
Sinais...
Os pingos da chuva eram leves mas mesmo assim era necessário abrir o guarda-chuva. Caminhava despreocupada mente rumo a plataforma seis do ônibus. A frente duas senhoras com seus quarenta ou cinqüenta anos. Uma delas, a mais nova, carregava um guarda-chuva vermelho a outra olhava para o teto da plataforma. ( talvez pensava; agora os pingos da chuva não me atingem). Em questão de segundos aquele lugar que abrigava quatro pessoas foi ficando cheio. Veio um rapaz de bermuda colorida e guarda-chuva preto, uma moça que ouvia música( estava com seu fone de ouvido), uma senhora de cabelos grisalhos e semblante sereno, dois senhores que entraram juntos e depois se separaram, um senhor de camisa bege e boina branca( devia ser bom de samba) e outro senhor de face endurecida.
A moça olhava para todos, tentava entende-los pelos gestos, nenhuma palavra era dita, apenas olhares que muitas vezes eram desviados quando se encontravam. A chuva era fina.
Um senhor, que estava de pé, queria se sentar, todos os bancos estavam molhados...aí o silêncio foi quebrado. O senhor de boina começou a conversar com o senhor que queria se sentar. Falavam da chuva. Um reclamava, dizia que esse excesso de chuva ia estragar a plantação. O outro concordou e falou que o café estava crescendo. A moça não entendeu. Ele concordava que a chuva podia estragar a plantação ou a chuva ajudava pois era época do crescimento do café?
A chuva continuava fina.
Veio o ônibus. Todos entraram apresada mente. Ônibus lotado. A moça olhava para a rua. O vidro estava embasado. Num gesto ela o limpou, a visão da rua ficou mais clara, só aquela pergunta não havia sido esclarecida; o senhor de camisa bege e boina branca achava que a chuva era boa ou não? Ajudava a plantação ou atrapalhava?
A chuva continuava fina.
É um bom sinal, pensava a moça.
A moça olhava para todos, tentava entende-los pelos gestos, nenhuma palavra era dita, apenas olhares que muitas vezes eram desviados quando se encontravam. A chuva era fina.
Um senhor, que estava de pé, queria se sentar, todos os bancos estavam molhados...aí o silêncio foi quebrado. O senhor de boina começou a conversar com o senhor que queria se sentar. Falavam da chuva. Um reclamava, dizia que esse excesso de chuva ia estragar a plantação. O outro concordou e falou que o café estava crescendo. A moça não entendeu. Ele concordava que a chuva podia estragar a plantação ou a chuva ajudava pois era época do crescimento do café?
A chuva continuava fina.
Veio o ônibus. Todos entraram apresada mente. Ônibus lotado. A moça olhava para a rua. O vidro estava embasado. Num gesto ela o limpou, a visão da rua ficou mais clara, só aquela pergunta não havia sido esclarecida; o senhor de camisa bege e boina branca achava que a chuva era boa ou não? Ajudava a plantação ou atrapalhava?
A chuva continuava fina.
É um bom sinal, pensava a moça.
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